Fuga das paixões.

Resoluto, me pus em fuga das paixões mal resolvidas, estas tais que avançam sobre nós e nos consomem as vidas. Imaginei-me liberto, ponderado, firme na base racional do equilíbrio. Supus que a paixão jamais me alcancaria, que tolice, aneira pensar que jamais amaria um dia. Tolo pensamento. As paixões existem e resistem ao tempo das nossas fugas. Quem as pode controlar, Quem as detém? Há quem possa imaginar que consiga e vive em luta constante, vive consigo uma briga, capaz de condizí-lo a loucura. Sandice, tolice, tolice, insanidade pura achar que não vai apaixonar-se. Vivemos de paixões resumidas, paixões pelos filhos, pelos pais, pelos cônjuges , paixões pela vida. Vivemos de desatinos, de pequenas loucuras, de pensamentos malucos. Quem irá porventura livrar-se do amor, da paixão e seus frutos? Quis eu como um herói, buscar minha liberdade, mas quanta ingenuidade, quanta falta de senso. Quanto mais fujo das paixões resumidas, mais nas paixões eu penso. Elas fazem parte de mim, do dia-a-dia, são pequenas fagulhas de pura emoção, digo isto da paixão, da loucura de estar vivo, de poder sobreviver ás dores mortais que vem de um coração apaixonado, mas se não fossem as paixões, como me sentiria isolado, aleijado na alma, torto sem poder amar ninguém. Paixões fazem parte também da vida, e toda paixão por mais madura, misteriosa, escondida, é por sí só paixão pura, fruta linda de comer, algo que nos falta quando não temos, que nos sobra quando vivemos e por fim, queremos não ter. Mas ter paixão é estar vivo, consciente, pleno de estar capacitado para a luta, pois a paixão é resoluta, nos empurra pra lutar e sem paixão ninguém vive, sobrevive, apenas se põe a sonhar. Paixões são produtos da esperança que mantemos acesa no peito, se amamos, sofremos, se não amamos, sofremos do mesmo jeito. Por Tony Casanova - Direitos Autorais e Copyright reservados ao autor.